Ligiana Costa

Ligiana Costa é brasiliense, nascida em São Paulo. Estudou canto lírico na UnB e fez especialização em canto barroco em Haia, na Holanda. De lá, seguiu para a Itália onde concluiu mestrado em flologia musical da renascença e idade média em Cremona e depois para a França, onde fez doutorado sobre ópera barroca junto ao Centro De Estudos da Renascença de Tours em co-orientação com a Universidade de Milão (Itália). Nesta época começou a cantar música brasileira e, logo em seguida, descobriu o gosto pela composição. Fez diversos shows na França e na Itália cantando sambas até que, depois de dez anos de velho mundo, retornou ao Brasil e lançou seu primeiro disco, De amor e Mar, gravado entre São Paulo, Paris e Brasília. Com este trabalho se apresentou em palcos diversos (de Dakar à Garanhuns, da Bulgária a Brasília). Em 2013 Ligiana lançou o disco Floresta, produzido e arranjado pelo maestro Letieres Leite e gravado em Salvador. Desde 2015 Ligiana vem se dedicando ao seu duo de música eletrônica barroca, NU (Naked Universe), em parceria com Edson Secco. NU já circulou pelo Brasil, Estados Unidos e Europa e tem dois discos lançados, o mais recente é Atlântica (2019). Ligiana assinou o programa diário matinal da rádio Cultura FM com enfoque na música clássica e cruzamentos e tem publicado livros ligados aos estudos musicológicos pela editora da Unesp e ministrado cursos sobre ópera e de voz pelo Brasil. Concluiu recentemente pós doutorado pela USP e publicou pela EDUSP o resultado de sua pesquisa, O Corego, premiado com o Prêmio Flaiano (2018) na Itália. Atualmente a artista prepara lançamento de seu novo disco, Eva, a ser lançado pela YBmusic e apresenta e dirige o podcast do Theatro Municipal de São Paulo.

PROJETOS:

EVA

E no começo, sempre haverá a voz, o verbo, a respiração e o som que todo ser humano é capaz de emitir. No princípio, sempre haverá EVA, a mulher curiosa. De volta à criação em seu novo projeto solo, Ligiana Costa decidiu focar no instrumento que vem sendo seu companheiro de vida, desde seus estudos de canto lírico na Universidade de Brasília até o experimentalismo de seu duo NU (Naked Universe): a voz.

EVA (Errante Voz Ativa) reúne canções de Ligiana e algumas parcerias inteiramente arranjadas para vozes, processadas ou naturais. É ao mesmo tempo um ato primitivo, o de fazer da voz o principal meio de comunicação e expressão artística, mas também contemporâneo, na maneira de arranjar e conceber a música, com suportes tecnológicos e fórmulas do pop e das tendências sonoras contemporâneas. A direção musical é de Dan Maia, conhecido como um dos maiores compositores para teatro do Brasil e tem participação de São Yantó, Bruna Lucchesi, Marina Decourt, Pedro Iaco e Lívia Nestrovski.

Cada canção deste projeto carrega o nome de uma mulher, cada canção é uma homenagem à multiplicidade de vozes femininas mas também um discurso único, por vezes singelo. EVA (Errante Voz Ativa) é múltipla como as mulheres. Um chamado a esta errante voz livre e ativa que habita em cada uma de nós para a (re)construção de um mundo utópico (diante de tanta distopia cotidiana) no qual o feminismo é conquista real, no qual o fim da cultura patriarcal é também o fim da opressão da Terra e de seus milhões de outros habitantes por parte da humanidade. EVA é um disco do selo yb music.

SÁ, VOZES DA MEMÓRIA

O gênero operístico vem se reinventando e absorvendo outras linguagens musicais e outros tipos de dramaturgia. Se observarmos óperas como Atlas de Meredith Monk (1991) ou Prima Donna do cantor pop Rufus Wainwright percebemos que o conceito de ópera vem tomando novas formas. É nesta linhagem que “Sá, Vozes da Memória” pretende se inserir. Uma ópera de interseção entre gêneros – popular, lírico e experimental – com uma dramaturgia que evoca as memórias de Ligiana e dos outros cantores do projeto, flertando com o teatro documental e seus princípios.

Sá é o feminino de “sô”, corruptela de sinhá, e é o modo como as mulheres da família de Ligiana se chamam desde os tempos mais antigos.